Wednesday, November 05, 2008

Josephine Blue

Trabalhar com moda aqui na Paraíba é complicado, mas ao mesmo tempo bem legal. No meu caso, que trabalho com produção e jornalismo de moda, sinto uma abertura muito grande ao fazer meu trabalho. Ok, como todo trabalho também temos nossas dificuldades, mas eu evito pensar nelas (risos). Fazer um trabalho sério, na verdade, é o grande desafio. Também vejo também o outro lado da moeda - o dos estilistas daqui, que trabalham duro pra caramba tentando uma aceitação legal no mercado mas que nem sempre conseguem. É aí que fico super contente em ver pessoas jovens e bacanas como as estilistas da Josephine Blue, ou a Rita Braga da Furtacor, fazendo seus nomes e lançando coleções cada vez mais bonitas. É com um post dedicado a esse pessoal que reabro meu blog. Aí vai uma entrevista feita essa semana com Rafaela Coelho, uma das estilistas da Josephine Blue, que acabou de lançar a coleção de alto verão "Cores em Foco".

Making off da sessão de fotos do lookbook da Josephine. Rafaela Coelho, Camila Neiva, Fraya, Isabella e Raphaela Mendes.

Como é a sua preparação para fazer uma coleção?
Pra mim, a coleção começa com uma pesquisa: livros, música, filmes, personagens, mundo... Daí sai uma idéia e a gente define o que fazer com ela, o que queremos passar pras pessoas que compram nossas roupas e o que a gente acha que vai ser tendência na próxima estação. Depois a gente começa a desenhar, pensar nos tecidos pra cada parte da coleção e assim vamos até as idéias se esgotarem. Depois vem a modelagem, costura, provas. No meio disso tudo a gente vai pensando no nome da coleção, nas fotos, na divulgação toda. É tudo bem rápido,e na teoria seria assim bem organizado, mas a gente sempre acaba fazendo tudo ao mesmo tempo (agora!) e quando vemos já é hora de mostrar a coleção.

Você considera a moda uma arte?
Para mim alguns estilistas fazem arte sim. Muitas vezes você vê um desfile que é somente um conceito e não tem a intenção de vender a peça em si - e mais uma idéia. As roupas que acabam indo pra loja são bem completamente diferentes das que vemos nas passarelas, super trabalhadas e que emocionam.
Agora essa coisa de ser arte eu não não saberia te dizer. O conceito de arte em si já é bem discutível. A gente pode ver uma obra na galeria e achar uma droga mas alguém pode ter gostado.
Como falei, alguns e poucos estilistas considero artistas. Os demais, acho que simplesmente fazem roupas (e logicamente eu me encaixaria nesse último grupo) e não acho que isso seja negativo.

Quais as maiores dificuldades em montar uma coleção?
Sem dúvida agora é a falta de material de qualidade, de tecidos diferenciados, de aviamentos novos e de mão-de-obra também.
Com o tempo e o crescimento da empresa as dificuldades vão mudando mas nunca diminuindo. A parte financeira também pesa muito, querer fazer algo melhor, inovador e não ter o capital pra arriscar. A cada semana você vai descobrindo uma dificuldade e vencendo outra, e assim vai indo a empresa.

Thursday, May 31, 2007

Rita Lee + Amir Slama

"Ela nem vem mais pra casa, Doutor
Ela odeia meus vestidos
Minha filha é um caso sério, Doutor
Ela agora está vivendo com esse tal de
Roque enrow, roque enrow..."


E hoje é dia, lalala...
Hoje é dia de moda, dia de "santa" Rita, dia de roque enrow...
Hoje é o dia que a exposição de fotos inéditas da Rita, com a curadoria de Amir Slama, chega a João Pessoa. Tudo isso por causa da nova coleção da Rosa Chá, que foi inspirada no rock paulista e no imaginário da Rita. A mostra se chama "Rock urbano Ritz" e traz fotos da cantora com as t-shirts, além de outras peças da coleção.

mais informações no link do título. =]

Saturday, May 19, 2007

Voltando à ativa...


Acho um pouco esquisitas as semanas de moda daqui de João Pessoa... Todas acontecem totalmente fora do calendário oficial. Semana passada houve o PBFW que me deixava em dúvida se estava mostrando coleções de inverno ou verão. Anyway...

Foi uma semana super complicada, tudo acontecendo de uma só vez. Minha rotina se resumia a “faculdade-jornal-cineport-PBFW”, o que me deixava com apenas umas poucas horas de sono por noite (e nenhuma pra contar tudo o que estava acontecendo nos desfiles). Mas é assim mesmo... Contanza Pascolato que é uma sábia. Li uma vez na Vogue ela dando conselhos para as pessoas agüentarem as maratonas das semanas de moda. E não é que deu certo? Hahahaha... Semana de moda aliada a festival de cinema não é pra qualquer um...

Vamos então ao que interessa!

Aqui em João Pessoa temos dois eventos de moda... O PBFW e o Manaira Shopping Collection, como já disse em posts anteriores. O primeiro é feito pelo Sistema Correio de Comunicação e tem como proposta “mostrar” a moda “made in Paraíba”. Já o segundo é feito pelo Manaira Shopping. É o melhor produzido e mais estruturado, com um time de babar até as camareiras. Mas é feito apenas para as lojas do shopping – que são todas franquias de grandes marcas. Então acaba sendo pouco interessante, já que vemos só a repetição do que acontece no Rio e SP. Quem como eu tenta acompanhar os desfiles pelo menos pelas fotos e releases que saem na Internet acaba achando desnecessário. Independente do que eu acho, são interessantes em suas diferenças e é sempre importante conferir os dois.

O PBFW teve a arte como tema central... Acho que é um evento que tem muito o que evoluir (mesmo tendo um produtor que parece não querer isso). Mesmo assim, coisas boas podem ser tiradas... Alguns desfiles foram realmente lindos (o que prova que eles podem fazer bem feito, é só ter boa vontade). Mas é sempre assim, né? Tudo tem suas limitações. Acho que no final é um evento bem bacana. E os estilistas daqui andam melhorando a cada temporada...

Nos próximos posts comento os desfiles mais interessantes...

E logo, logo coloco o link das fotos que fiz nos bastidores (o legal de ter credencial de imprensa... hahaha).

Sunday, April 22, 2007

Algumas [muitas] novidades


Os meses de Abril e Maio parecem ser alguns dos mais turbulentos do ano para quem gosta de moda e arte. Vamos começar com o que acontece aqui em João Pessoa. Entre os dias 03 e 14 de Maio temos o CINEPORT (Festival de cinema dos países de língua portuguesa). Um festival que acontece a cada dois anos no Brasil envolvendo os países integrantes da CLP, ou seja, os países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Esse festival tem a intenção de integrar a produção de audio-visual desses países, fazendo um intercâmbio de cultura e arte e procurando fortalecer a linguagem do audio-visual nesses países. A partir dessa edição João Pessoa vai ser a sede do evento no Brasil. A Usina Cultural da Saelpa está sendo reformada, ganhando um auditório (enorme, por sinal), sala de cinema e ainda uma praça da alimentação. Ou seja, o lugar que já era o "ponto artístico" mais charmoso da cidade vai ser também um dos mais bem equipados. Uma ótima oportunidade para conferir a produção cinematográfica local (que surpreende a cada filme) e ainda manter o contato com o que vem de fora (e eu falo de filmes e pessoas - quando que nós poderíamos ter a chance de bater um papo com esses diretores e críticos de cinema?). Mais informações aqui.

Para os fashionistas de plantão na cidade, nos dias 8, 9 e 10 de maio acontece mais uma edição do Paraíba Fashion Week. Para quem quer conferir a produção de moda que acontece no Estado, lá é o lugar. O evento está ganhando mais força a cada ano - mesmo ainda tendo falhas marcantes. Mas isso é algo que só a experiência pode mudar. Mesmo assim continua sendo um evento super legal e eu recomendo muito. A moda paraibana está ganhando mais força a cada ano. Estilistas novos surgindo, projetos de cooperativas entre estilistas e artesãos (rococó, renascença, bordado, batik e etc)... Sem falar no primeiro curso de moda de nível superior na cidade que está formando sua turma pioneira em Julho (da qual eu faço parte). É muito interessante conferir isso tudo de perto, super recomendo. [podem ter certeza que sobre esse eu vou escrever tudo aqui no blog]

Fora do circuito João Pessoa a agitação já começou. Em Recife está acontecendo o Cine-PE, um dos grandes festivais de cinema do país. Acontece de 23 a 29 de Abril no Centro de Convenções de Pernambuco.

Para os fashionistas, quarta feira (25 de Abril) acontece no Rio de Janeiro o Seminário Tendências de Verão 2008. Ótimo para quem não pode estar viajando todas as estações para a Europa caçar tendências. No seminário será distribuído um caderno de tendências para cada participante. Maiores informações sobre o seminário é só clicar aqui.

E como grand-finale, em São Paulo nos dias 2 a 4 de Maio temos a 21ª edição da Casa dos Criadores que acontece no Shopping Frei Caneca. Na minha opinião um dos eventos de moda mais interessantes do país. É lá onde os futuros talentos da moda são revelados (e também onde os estilistas não tem medo de ousar), lugar por onde grande parte dos estilistas da SPFW passam quando estão em começo de carreira. A Casa dos Criadores andava meio "sem força" nas suas últimas edições, mas parece que os organizadores e participantes estão tentando mudar isso, até porque é a comemoração de 10 anos do evento, coisa que não poderia passar batida. Em prol das comemorações haverá um desfile de retrospectiva do André Lima, ex integrande do time Casa dos Criadores.

É isso... have fun!


*na foto a Bjork que também é novidade esse mês - está lançando músicas novas em seu myspace. Além de ser uma grande referência de moda e arte. =D

Friday, April 20, 2007

Josephine Blue


Três amigas com muita criatividade e paixão pela moda decidem se juntar para criar vestidos, assim nasceu a Josephine Blue. As amigas são as fofíssimas Rafaela “Barbie” Mendes, Vanessa “Mona” Maciel e Rafaela “Lola” Coelho. As estilistas são estudantes de publicidade que criam vestidos bem a cara delas. A primeira coleção se chama "Menina, bota as pernas de fora". São oito vestidos, todos exclusivos e feitos sob medida. E claro, ora com ares de meninas travessas, ora ladies à lá “Femme Fatale” (sim, do Velvet Underground, pois elas tem cara de década de 60).

Devo dizer que as meninas já começaram com o pé direito. Além de terem um excelente gosto (e disso eu sou prova já que as conheço há um bom tempo), começaram planejando uma coleção super linda. Sem falar no catálogo que elas mesmas produziram, com a sorte de ter no time uma estilista que é uma excelente fotógrafa (Lola já é uma fotógrafa um tanto conhecida nas terrinhas Pessoenses).


Serviço: Por enquanto as "Josephinas" estão sem loja, mas entrando no link do título (orkut da marca) você pode agendar com elas para provar as peças.

Curiosidade: As modelos do catálogo são as próprias Mona e Barbie.

Sunday, April 01, 2007

Marie Antoinette


Todo mundo sabe que os filmes da Sofia Coppola são sensacionais. Mas Marie Antoinette conseguiu definitivamente se firmar como uma obra de arte. Tudo bem, cinema é uma das sete artes, mas esse filme está no nível das obras mais extraordinárias e fantásticas que eu, em minha humilde existência, já conheci. Ela tem todas as características das grandes obras. Esteticamente é lindo e primoroso, isso é indiscutível. As cores que combinam com as nuances da personagem, a trilha que combina perfeitamente com tudo o que está acontecendo... É um filme que fala alto, porém fala baixinho... Baixinho como as moças da corte deveriam falar quando sufocadas pelos espartilhos. E todos os elementos do filme me parecem pedacinhos de uma colcha de retalhos muito bem costurada.

Esse filme foi considerado por muitos críticos como o “filme corajoso” da Sofia. Ao meu ver é um filme lindamente desafiador. Desafiador assim como Antonieta foi em sua vida. Assim como qualquer adolescente é diante dos seus pais. Também como qualquer obra de arte Contemporânea é desafiadora ao seu tempo. E qual o problema em ser desafiador? Qual o problema em mostrar uma Antoinette atormentada por não conseguir seduzir o seu marido com trilha sonora do New Order? Ou que está tão absorta com os problemas do seu casamento e em seguir o protocolo real que resolve gastar uma fortuna em sapatos maravilhosos.

Encare o filme como a leitura de um livro... Daqueles livros gostosos que a gente passa o dia de domingo inteiro lendo e ouvindo música.

Ah, e eu preciso dizer... Rs... A parte em que ela vai ver o sol nascer é a minha favorita do filme (e ela aparece no video do link)

Wednesday, March 28, 2007

Um gigante adormecido


Ao passar pela Rua das Trincheiras, em Jaguaribe, é impossível não perceber o lindo casarão branco com traços de arquitetura Art Noveau que ainda impera em meio a prédios decadentes. Trata-se da sede de um revolucionário projeto cultural universitário criado pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários (PRAC) na década de 70, o Núcleo de Arte Contemporânea. Tal Núcleo fez a cultura local ferver entre as décadas de 70 e 80 com um banho de arte de Vanguarda jamais visto na “província”. O projeto ainda existe. Porém, apenas na teoria. Seus dias de glória aconteceram entre o verão de 78 e o inverno de 85.

A idéia foi lançada em um seminário que ocorreu no Museu de Arte Assis Chateaubriand, em Campina Grande. Na ocasião, discutiu-se a criação de um Núcleo de Artes Plásticas e assim nasceu o NAC. A época também era favorável à sua criação. O Estado estava há 20 anos sem mostrar nada de novo no meio artístico. Tudo o que era produzido aqui estava nos moldes da Semana de Arte Moderna de 1922, portanto já não era mais algo de vanguarda.

Além disso, a UFPB também estava passando por um momento de transição com a gestão do reitor Lynaldo Cavalcanti – um dos defensores do NAC. Com o renomado artista plástico Antonio Dias (na época professor do Departamento de Artes da UFPB), Chico Pereira (também artista plástico) e o teórico Paulo Sergio Duarte à frente do projeto, a idéia seria utilizar o espaço para exposições que serviriam de estudo de Arte para estudantes de todas as áreas da UFPB. Essas exposições estariam abertas à comunidade local, fazendo ao mesmo tempo uma reciclagem da arte vista na cidade.

Porém, no Departamento de Artes da UFPB não havia professores que trabalhassem nessa área. Foi aí talvez o grande trunfo do NAC e ao mesmo tempo o que o fez entrar em decadência. Os diretores tiveram que fazer valer de suas influências no meio artístico para assim trazer exposições de grandes nomes da arte contemporânea mundial e brasileira. Para isso, o artista seria contratado como professor por seis meses. Nesse período ele daria aulas na Universidade, estaria à disposição dos alunos para estudos da sua obra e montaria o seu projeto de exposição. Para que isso tudo desse certo também foi fundamental o apoio da Funarte junto à Reitoria.

Com isso, o NAC se transformou num dos grandes pólos de Arte Contemporânea do país. “O NAC se tornou o eixo fora do eixo”, diz o artista plástico e crítico de arte Diógenes Chaves a respeito da importância nacional do NAC na época. Isso porque as grandes investidas artísticas estavam apenas no Sul do país com alguns movimentos como o “Nervo Ótico” (Porto Alegre), o MAM-Rio, MAC-SP e etc.

O projeto foi tão ambicioso que para demonstrar a sua importância estavam presentes no NAC em sua abertura os artistas Mário Pedrosa, Roberto Pontual, Carmem Portinho (ex-diretora do MAM-Rio e ex-diretora da Escola Superior de Desenho Industrial), Alberto Buettenmuller e Ziraldo. O NAC foi o primeiro lugar no Brasil a mostrar a fotografia como arte. Suas exposições eram pautas de grandes matérias do Jornal do Brasil e até do Le Monde. Foi também um dos primeiros lugares no país a mostrar os livros de arte e livros-arte. Em seus dias de glória, passaram pelo local artistas como Flavio Tavares, Gustavo Moura, Cláudio Tozzi, Fred Svendsen, Tunga, Breno Matos, Rubens Guerchmam e Paulo Roberto Leal.

A decadência do NAC começou em 85 quando o projeto já não dispunha do apoio financeiro que havia no começo. Além disso, o prédio passou dois anos sem funcionar. Quando aconteceu a reabertura já não havia interesse dos professores e artistas em continuar o projeto. A revolução artística já havia acontecido na cidade. Os fundadores do Núcleo não estavam mais na UFPB. Sendo assim, o projeto ficou abandonado às baratas. Chegando a ponto de exibir exposições de artesanato e cerâmica para as senhoras da “alta sociedade paraibana”. Os artistas locais sem entender o propósito do Núcleo voltaram-se contra o projeto alegando que este não dava vez aos artistas conterrâneos. Sendo assim, selou-se a “morte” do NAC.

Em 2000, o crítico de arte Fabio Queiroz (FabbioQ.) fez uma tentativa de retomada da ousadia das exposições do NAC. Ele organizou a curadoria de uma exposição chamada “Sem Título”. A investida não obteve os resultados esperados na época, porém foi algo que mexeu com a (mais uma vez) pacata cena artística de João Pessoa. A essa altura, o projeto não funcionava e nem teria como funcionar sem a ajuda financeira e interesse da Universidade em mantê-lo.

No final do ano passado, a professora do Departamento de Artes, Marta Penner, assumiu a direção do Núcleo com a idéia de reviver o gigante adormecido. Para isso, está tentando promover grandes exposições, além de reativar os cursos de cerâmica e litografia e os projetos de extensão do Departamento. Além disso, o curso de Educação Artística passou a ser separado em Artes Visuais, Teatro e Educação Musical. É provável que todas essas transições tragam bons frutos para o NAC. Entretanto, é necessário que o projeto atual seja reavaliado para que funcione de acordo com as condições vigentes.

Numa grande investida de Marta Penner à frente do Núcleo, estão em exposição as telas do artista suíço Dieter Ruckhaberle. O artista passa seis meses na Paraíba em seu atelier produzindo e seis meses em sua terra natal. Suas obras giram em torno de histórias, geralmente inspiradas no Oriente Médio. O tema da exposição em cartaz é “Abisague de Sunem e o Rei Davi”. As telas estarão no NAC até o dia 31 de Março.