Wednesday, February 28, 2007

Edie Sedgwick - Factory Girl


Em Dezembro do ano passado entrou em cartaz nos EUA um filme estrelado por um dos ícones da moda atual, Sienna Miller, chamado Factory Girl. O filme é sobre a vida de Edie Sedgwick, a mocinha da foto acima, que foi também um ícone de moda e comportamento na década de 70.

Creio eu que atualmente não há quem nunca tenha ouvido pelo menos algo sobre as décadas de 60/70 e o movimento underground de NYC. Uma época fervilhante onde surgiram grandes artistas em todas as áreas que são fonte de inspiração para muita gente por aí. É a época em que Andy Warhol explode para o mundo com a sua pop art. Vivienne Westwood choca os padrões de moda da alta costura mostrando suas “shiny boots of leather”. Surge o Velvet Underground, New York Dolls, The Doors, David Bowie ataca de Ziggy Stardust, surgem os Ramones, Sex Pistols (com influência direta da V. Westwood), Patti Smith... Isso sem falar no rebuliço fora da cena punk.

Mas é nesse cenário underground que um mundinho em particular se torna conhecido: a Factory. E também é por causa desse "mundinho" que algumas pessoas ficaram conhecidas no showbizz, entre elas, a Edie Segwick.

A Factory era o atelier/escritório de Andy Warhol. Andy não era apenas artista plástico como muita gente pensa. Ele também empresariava bandas, fazia filmes, peças... Sendo assim a Factory acabou se tornando o reduto “cool”. Ponto de encontro de qualquer pessoa que mexesse com arte ou que simplesmente quisesse aparecer por lá. As lendárias aparições em público de Warhol acabaram deixando-o conhecido como “domador de show de excentricidades”, isso por estar sempre acompanhado de suas musas que eram modelos, travestis, prostitutas, rock stars...

Uma das musas mais marcantes de Andy com certeza foi Edie Sedgwick. Ela começou sua carreira como modelo, porém nunca foi muito aceita no meio, apesar de ser protegida da Diana Vreeland que costumava dizer que ela era exemplar da juventude de sua época pelo seu comportamento e percepção de moda. Até que um dia conhece Warhol e começa a acompanhá-lo em suas aparições e a protagonizar seus filmes. Depois disso ela passou a ser a “mocinha cool” de Manhattan. Fez filmes, desfiles, editoriais e é a Femme Fatale retratada na música do Velvet Underground.

Além de Warhol outra pessoa que se encantou por Edie foi Bob Dylan, que acabou compondo músicas com referências a ela, como "Leopard-skin pill-box hat”.

Edie acabou morrendo cedo, aos 28 anos, vítima de uma overdose (como qualquer pessoa que viveu intensamente a década de 70) de calmantes.

Sinceramente estou muito ansiosa para ver esse filme. Não apenas para ver Sienna interpretando Edie, que conhevamos, são totalmente opostos. Edie era uma das pessoas mais legais do livro “Mate-me por favor”. O filme promete mostrar muito do “backstage” da Factory e do Chelsea Hotel (lugar onde boa parte dos rock stars, modelos e até groupies moravam). Dizem também que a história dela foi um pouco modificada para o filme... Bem, vamos ver no que isso vai dar. Só espero que passe logo por aqui, já que João Pessoa às vezes parece estar mais para África do que para Brasil. ¬¬

Thursday, February 01, 2007

Lino Villaventura - Surpresa Art Noveau

Depois de ver muita mesmice no Fashion Rio (claro, salvas algumas exceções realmente boas) devo admitir que fiquei com a maior preguiça de acompanhar o São Paulo Fashion Week e de comentar sobre os dois aqui no blog. Até que ontem, fuçando o site do SPFW, me veio uma foto do desfile do Lino Villaventura. :O
Lino é um estilista de Fortaleza cujas criações nunca chamaram minha atenção. Sempre achei as coisas dele bem breguinhas pra falar a verdade. Aquele papo de "tecidos da natureza" não me atraia em nada... Pior ainda quando descobri que ele era o estilista da Xuxa. Até antes de ontem isso era um fato. Hoje não é mais... Dando uma olhada preguiçosa pelo site do SPFW vi umas fotos de um certo desfile onde a passarela era xadrez e os modelos eram meio estruturalistas, meio art noveau... E eu não falo de uma silhueta art noveau, mas do processo criativo por um todo. Fiquei chocada com a beleza daquilo. E quando fui ver de quem era... Puff! Lino Villaventura. Finalmente o rapaz se achou em meio às suas criações.
Com o tempo de estrada que ele tem, com certeza ele tem bagagem pra encarar uma linha de modelagem calcada em estruturas e texturas - o que eu acho o máximo. Essa parte do desfile dele ficou linda. Com um "ps" para o vestido vermelho que lembra muito o do auto retrato de Tarsila do Amaral.
Essa "arquitetura" aliada ao onirismo da outra parte da coleção deu um tom magistral. De repente modelos com vestidos estruturados e ao mesmo tempo delicados a ponto de parecerem vitrais.. Vitrais esses que lembravam libélulas, jardins, florzinhas secas, vidrinhos de perfume das nossas bisavós... Tudo muito trágico mas também muito mágico e simbolista. Quase uma pintura de Alphonse Mucha com decotes à lá Dior.
Fiquei encantada com o desfile. Parecia que estava dentro de alguns dos meus filmes favoritos, entre eles (e principalmente) "Assassinato em Gosford Park" (Robert Altman).



vídeo do finalzinho do desfile